Dance Macabre
outubro 07, 2017
Com suas feridas todas abertas, retomou um velho hábito: desligou as luzes de seu quarto, trancou a porta e, por último, ligou seu tocador de discos e pôs-se a dançar uma valsa solitária.
Botando os braços em sua fronte, como se segurasse o corpo de um parceiro imaginário, começou seus rodopios. Girou, e girou, e girou em sua dança descompassada, balançando para fora de seu corpo cada um de seus problemas.
Sentiu um puxão em sua cintura e uma mão fria envolver as suas por entre os finos nós de seus dedos.
— Você me concede esta última dança? — uma voz gélida sussurrou em seu ouvido, fazendo uma brisa fantasmagórica percorrer sua espinha.
Mesmo sabendo que quando desligara a luz de seu quarto e fechara a porta, ela estava sozinha; não hesitou em aceitar o convite.
Sua janela, deixando escapar alguns poucos raios de luz da lua, permitiu que ela distinguisse uma forma negra a sua frente, sem face.
— Pensei que você nunca viria — respondeu.
E ela nunca pensou que a morte dançasse tão bem...
Sentiu um beijo amargo selar seus lábios, pela última vez.
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